Tempos atrás meu filho não queria comer. Não havia aviãozinho que desse conta. Olhei em volta e vi na sala peças Lego coloridas esparramadas pelo chão. Eram a minha última chance. Agarrei-as e as coloquei sobre a mesa. Pedro e sua prima se interessaram. Montei o caminho amarelo do Mágico de OZ e o espantalho, o homem de lata, o leão e a Dorothy conseguiram fazer as duas crianças encherem a pança.
E esses personagens ficavam nos rodeando, Pedro sempre queria saber mais. Nesse final de semana decidi comprar o filme, 1939, direção de Victor Fleming, clássico absoluto para a família. Passei sábado e domingo vendo e revendo a fita, porque as cenas com a bruxa ainda o assustam e ele pede que eu fique ao seu lado.
E me lembrei que anos atrás, bons anos atrás, eu e meu amigo Rodrigo Junqueira, que hoje trabalha no ISA (Instituto Socioambiental) em alguma pequena micro cidade do Mato Grosso encarando a "simples" tarefa de mediar conversas entre índios e fazendeiros (mas o sujeito é bom no assunto, já teve que deixar o sertão do Piauí, com vinte e poucos anos, por causa de ameaças de morte....), encaramos juntos uma oficina sobre planejamento estratégico para técnicos do ITESP (Instituto de Terras de SP).
E ele queria trazer um filme com função pedagógica. Sugeriu algum com o Sean Connery que me pareceu meio nada a ver, pelo menos eu não entendi as relações entre a película e nosso trabalho. Falei "relaxa, deixa comigo". E sei lá - ou não me lembro a razão- botei na mala "O Mágico de OZ". A noite, depois de um dia de trabalho, apresentamos a história de menina dos sapatos vermelhos numa pequena televisão, quase impossível ler as legendas, punk, o povo lutou contra o sono mas assistiu. Rodrigo não disse, mas queria me matar. E no dia seguinte nos metemos a forçar a barra com paralelos entre o caminho amarelo e o processo ou estratégias de um plano, entre o palácio do mágico e a missão e os objetivos e sei lá mais o quê...
Eu continuo como sempre fui, um pouco mais radical depois dessa experiência, sempre com muita dúvida e forte resistência a usar filmes nesses trabalhos. Não gosto, mesmo.
Mas o Pedroca continua encantado com a Dorothy.
13.5.08
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2 comentários:
Oi. Vc é o Daniel Brandão do Gávea?
Pô, dani, fiquei até emocionada. :o)
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