10.3.10

Movimento Marina Silva Presidente

Se o Love Story é a Casa de Todas as Casas, o Café Ekoa é a casa de todas as ongs. Quer encontrar alguém que trabalha com terceiro setor, sustentabilidade, aprendizagem e afins é só passar lá. O lugar é bacana e foi escolhido para o primeiro encontro do Movimento Marina Silva Presidente. E eu estava lá.

Sentado e olhando para a roda de 15 ou 20 pessoas que ali se reuniam eu me lembrei de uma cerveja bem gelada que tomei em Silves, uma ilha do Rio Amazonas, com Ana Euler (a mulher que mais entende de Amazônia que eu conheço), um engenheiro florestal e dois lideres comunitários. Como qualquer boa cerveja a conversa navegou por muitos lugares. O início foi sobre a insanidade minha e de Ana de ter nadado na Ilha dos Pássaros naquela tarde, rodeados por um boto, lugar que era, na ótica do nativo, um criatório de piranhas. Mas estávamos bem vivos e o assunto alcançou logo Marina Silva. E foi incrível o que se produziu, o apoio que ela ganhou ali naquele boteco. Depois das declarações de "te considero pra caramba", coisa que muito se faz com a sensibilidade marcada pelo álcool, marchamos embora batendo no peito e prometendo eleger Marina a nossa presidenta.

Os amigos que eu tanto considerava naquela noite confesso que nunca mais vi. Nem telefonei ou mandei email. Mas o trato de eleger Marina seguiu forte. E ontem eu me encontrava ali, nos primeiros passos desta história.Tomava agora um açaí na tijela. Nada de cerveja ou derivados. E fazia cara de sério.

Ali estava gente de ONGs (opa, me encaixei nessa categoria que eu odeio porque é dum reducionismo absoluto....), ambientalistas, gestores públicos, militantes da cultura, advogados, cientistas e outros. O Eduardo Rombauer, criador do Movimento, contou de como tudo começou, das confusões geradas no início quando Marina ainda era ministra e essa idéia lhe criava saia justa e de como esse impulso ganhou força, tomou rumo independente do gosto da senadora e foi capaz de atrair o interesse do PV. E por aí se seguiu.

Duas marcas surgiram na fala de Edu: se quer buscar um novo jeito de fazer política e esse processo deve ser pedagógico. Os participantes do encontro lançaram então sugestões do que poderia ser feito e como cada um poderia ajudar. Um pouco de tudo. Eu logo me preocupei. Fiquei reticente em colocar minha ponderação porque tinha dúvidas se eu não entendia nada de "uma nova estrutura de política", com ações descentralizadas, células, independência de núcleos entre outros - e é claro que a campanha do Obama foi mencionada uma infinidade de vezes - ou se minha preocupação era de fato pertinente. Mas levantei a mão e logo disse que acho tudo muito bonito e legal, mas creio que assim é difícil sustentar o movimento. A questão esta relacionada à produção de conteúdo: afinal o que vai ser dito em um passeio no parque, uma volta de bicicleta, uma ação qualquer? Se deixar aberto lindo leve e solto as falas se tornam individuais e não institucionais ou programáticas. Apoio novas idéias, claro, mas pela minha experiência com ongs as palavras bonitas são belas armadilhas. Ou seja, o que significa "um novo jeito de fazer política?" ou um "movimento pedagógico?". Se isso não for recheado de um conteúdo articulado e consistente vai se dissolver no ar. E me calei.

Um pouco de tudo nos comentários que repercutiram minha preocupação. Um pouco de sim, sem dúvida, é algo importante a ser tratado. Mas também uma fala saudável de evitar que isso imobilize todo o movimento. Nem tanto ao céu e nem tanto à terra. Um lugar outro que ainda não sabemos qual é, mas que se quer ir atrás.

Nesta conversa apareceram as instituições que compõe o complexo tabuleiro onde se armará a corrida de Marina para a presidência. Há o movimento, que busca mobilizar a articular interessados, o PV, que dá base institucional, a Campanha, que gerencia a campanha em si e um Instituto, de nome que me escapa mas que tem - claro - sustentabilidade em seu título e é gestado junto às lideranças do ISA (Instituto Socio Ambiental) e que terá o papel de definição do programa. Muitas variáveis. Perguntei se temos risco de crise de identidade no movimento no meio de tanta gente. Juraram que não, que isso esta bem demarcado. Confesso que ainda preciso entender essa arquitetura.

Mas o encontro precisava acabar porque o Café Ekoa tinha limite de horário. Nossa bela e sorridente anfitriã, Maria Barreto do CoCriar, fez uma sintese das idéias apresentadas, cada um pode se filiar a uma ou outra proposta, a boa lista de emails circulou, alguns compraranm camisetas, eu fiqeui só com alguns adesivos e se falou de em breve termos novo encontro.

E assim seguimos. Quem quiser saber mais pode se inscrever no movimento na Internet (http://www.movimentomarinasilva.org.br/), seguir o movimento no twitter (@acaradobrasil), ou seguir este humilde que lhes escreve.

8 comentários:

werneck disse...

Dani, fiquei confuso com a descrição do encontro. Desconfiado que só, em vários momentos, ficou rondando minha cabeça aquela frase maldosa, cujo autor me escapa: "O único movimento que importa é o dos quadris". Toda vez que citam o Obama sinto um arrepio na espinha. Porque é fácil demais e porque o Obama hoje também se revelou um pulha, um pulha que soube ganhar as eleições com as mídias sociais. Mas vamos falar sério. Ainda não vai ser neste momento do Brasil que a internet vai fazer a diferença. E buscar a diferença simplesmente no modo de fazer campanha, é pouco. Muito pouco. Gostaria de ouvir ideias de um Brasil mais autônomo, mais justo, menos refém desse liberalismo relativista em que tudo cabe e desse travesti paraense com peito de silicone industrial que é o discurso da esquerda hoje. Sei lá, gosto muito da ideia de uma ambientalista presidente, mas desconfio quando coloco em perspectiva que o que a Natura faz melhor, além de marketing, é cosmético.

Fabio Novo disse...

Muito bom Daniel,

As vezes acho q estas dúvidas, incertezas, indefinições, vazios e suspensões nos servem como um grande ensinamento sobre como viver a impermanência da nossa existência..... ( não sei bem oq isto significa, mas saiu assim :)
abraço

Anônimo disse...

Eu queria saber três coisas:
a) O que é o Partido Verde?
b) O que é o Partido Verde?
c) O que é o Partido Verde?
Mas eu também acredito em contos de fadas. Até durmo quando escuto. Este é mais um. Eu prefiro a política real, explícita em sentido, método e contradições que Lula realiza e que Dilma irá realizar.
O Brasil não precisa de paisagismo, precisa de liderança.

Brenda Beat disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Brenda Beat disse...

Fiquei feliz com o relato, visto que não pude comparecer ao encontro. Antes de 'paisagismo' como dito por outro leitor, precisamos de alguém que destaque o Brasil como potêncial ambiental e desenlanche a sustentabilidade no Brasil. Afinal bolsa família, em breve vai se tornar bolsa colchão, bolsa barraco, bolsa bote, por conta as chuvas, bolsa irrigação, por conta das secas, bolsa árvore, por conta dos desmatamentos, e por aí vai, quando deveríamos estar aproveitando as especificidades climáticas de cada regiao, para desenvolve-la sustentavelvemte, em harmonia com o meio ambiente. E isso, Ciro, Serra, nem Dilma são capazes de fazer, só mesmo a Marininha.
O Brasil não precisa de métodos e contradições, precisa de ações. E caso não saibam,para fazer tudo o que Marina fez, faz e fará, liderança não passa de aperitivo, se for pra Liderar, Marina é o que há! O que Dilma poderá liderar sendo marionete do Lula? Por favor elejam pessoas capazes de levantar sua própria voz. A Marina é uma vitória natural, é a cara do Brasil. Eu Marinei e vc?

Anônimo disse...

Daniel, a campanha já publicou plano de governo? Por mais que papel aceite qualquer coisa e existam profissionais especialistas em retórica, lido melhor com propostas concretas com as quais possa dialogar. Aliás, é um bom passa tempo para esse próximo semestre; compartilhar análise das políticas dos planos de gestão...

Unknown disse...

Daniel,

Faz tempo que não acessava o Beradero e olha que coincidência maravilhosa ver um texto sobre a Campanha da Marina e ainda com uma citação de nossa passagem por Silves. Só pra te atualizar, somos Casa de Marina aqui em Macapá. Recebi material aí de São Paulo e tenho distribuído para pessoas que entram em contato, me acharam através do site. Pelo que entendi o PV do Amapá não se alinhou a campanha, logo eles não tem material e alguns representantes do partido tem me procurado. Ontem minha diarista pergunmtou quanto a gente estava pagando pra os que distribuem o material. Quando disse pra ela que era uma iniciativa voluntária ela não pode crer "Mas como? Lá no meu bairro é R$25 por dia ! Isso não existe". Hoje ela me ligou dizendo que tb quer fazer campanha. Respondendo ao Anônimo, eu acredito SIM que é possível um novo tipo de política. Particando UTOPIAS colhemos realidade!

Anônimo disse...

Restaurants in the United States. Search or browse list of restaurants. http://restaurants-us.com/tn/Fayetteville/Honey%27s%20Restaurant/37334/