7.12.09

Bulls Ácidos e ela que apareceu ali

Red Bull logo as 5 da matina para segurar a onda na estrada. Noite sem dormir ao lado de Batman. É foda. Eu ralo e Carolina não reconhece. Tô comendo o sal e fica aquela cara de limão azedo. Saco.

O dia inteiro fritando com o grupo de professores em Paulínia. Eu sofro pra entender esse povo. Ou estou cansado ou não sei mais trabalhar ou a confusão aqui é muito grande.

Outro energy drink pra me segurar algumas horas mais para decidir o que faremos amanhã com este grupo. Ligo pra saber se esta tudo bem. Escuto um ok com voz de velório. Ok, foda-se.

Compro uma coxinha e olho as pernas da moça ao meu lado, Ela nem é tão bonita assim, as pernas não são lá nada demais, mas está chovendo e eu estou nesse posto de gasolina e nada mais ou nada melhor a fazer. Pago com cartão.

O que será que acontecerá se eu tomar uns 5 energéticos na sequência? Altera o meu estado de consciência? Terei palpitações ou vibrações estranhas? Acho que hoje não vale arriscar, esse meu amigo não e lá tão junky assim. Mora retirado em Campinas, numa casa meio sitio. Bom para cogumelos - ácidos ou drogas de ampliação das ondas mentais. Tentei uma vez o cogumelo e não bateu, nada nada, lá na faculdade. Ácido nunca encontrei, só aquelas anfetaminas de merda que se tem por aí. Não uso anfetaminas. Milhares de anos atrás experimentei aqueles remédios de regime, deixavam elétrico, era um energético tosco quando o Red Bull não existia. Lá fora chove. Molha o mato do camarada. Eu sei que preciso trabalhar em alguns minutos. Vou segurar essa bronca. Tá terminando o trampo por aqui, onde cheguei não sei. Porrada man. Escola pública.

E semana passada, no meio da roda de conversa com os professores apareceu a Paloma. Veio vindo, fantasma, assombrou todo mundo e quando eu vi ela dominava o assunto. Mas era necessário fugir dela, da Paloma. Foi foda.

Paloma morreu em novembro. Os professores parece que nunca falaram abertamente disso. Paloma era abusada pelo padastro. Filh0 da puta. Pedofilia. Uma menininha. Disseram que ela cheirava mal. Ou melhor, disseram que ela fedia. O ZM disse que um dia perguntou a menina se ela tomava banho. Ela disse que sim. E era claro porque ela cheirava mal. E evitava banhos. Óbvio. Ela queria fugir do padastro pedófilo. Ele que dava porrada na mãe e em seu irmão de 10 anos. E claro ameaçava matar todo mundo. Até o dia em que ele bateu muito no irmão dela. Espancou. Arrebentou. Ela não segurou. Resolveu denunciar. Foi à polícia. O cara foi preso. A familia teve que se mudar. Ali não dava mais para viver. Paloma foi morar em um abrigo. Os professores disseram que ela estava muito feliz. Começou a se cuidar, a usar maquiagem, a se embelezar. Estava feliz. E um dia foi com o pessoal do abrigo em um passeio. Andando na beira de um rio bonito ela tropeçou, caiu, bateu a cabeça. Rolou pra água e morreu aforgada. Ela que estava feliz.

Que cruz carregava essa menina, pensei. Mas eu precisava exorcizar Paloma da conversa. Pedir licença a ela para seguirmos. Porque aquela curva estava nos levando muito longe de onde queriamos ir. E assim foi.

Depois pensei que podiamos ter feito um Pai Nosso.

Paloma, fique em paz.

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